sexta-feira, 11 de julho de 2008

Palavras que valem mais do que o silêncio

O livro As Veias Abertas da América Latina de Eduardo Galeano é uma ótima opção para quem quer entender de fato como se deu a história de um continente que já nasceu explorado. Eduardo Galenao consegue trazer dados curiosos e interessantes utilizando uma linguagem simples e acessível. O livro tem um tom crítico evidente mas muito bem sustentado por argumentos sólidos e dados verídicos, além disso, possui componentes essencias para que se conheça de fato uma história peculiar e esclarecedora de nossa própria condição atual. A América Latina é desvendada como um continente que empobreceu por causa de suas riquezas, que sempre produziu para atender às necessidades européias, nunca visando o seu mercado interno, uma região que exporta o barato e consome o caro, um lugar fragmentado, dividido, frente a uma Europa forte e desenvolvida. Grande ironia esta que nos apresenta o livro e a própria realidade, ironia que corresponde ao fato de as matérias primas, tão cobiçadas, insistirem em estar no terçeiro-mundo. A impressão é de que rebemos um presente que determinou nossa própria exploração e como conseqüência, nosso próprio subdesenvolvimento.
Um bom livro nos faz pensar, refletir sobre nossa própria condição e também nos provoca sentimentos de indignação. Ao ler As Veias Abertas da América Latina me senti perturbada ao constatar que ao longo de nossa história um continente que sempre teve tanto se contentou com tão pouco. Parte de nossa miséria e inferioridade tecnológica, humana, política e econômica são frutos de uma cordialidade revoltante para com aqueles que nos exploraram de todas as formas com que se pode explorar um continente.
Os mecanismos de poder, os modos de produção e os sistemas de expropriação, que nos são comumente apresentados como produtos do destino, enfrentam o confronto dos fatos na história deste continente e são claramente desmistificados. Como resultados da criação humana, eles podem ser modificados. Mas a mudança exige ciência e consciência. Daí a importância da leitura deste livro.

Um comentário:

M. Elle. disse...
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