sábado, 10 de abril de 2010

Em "O Homem da Câmera, Dziga Vertov faz da lente uma extensão do olhar humano na captura do real

Dziga Vertov fazia cinema enquanto este ainda nem ganhara sua linguagem própria, o cineasta russo inaugurou um conceito e modelo de documentário baseado, acima de tudo, na realidade e na não intervenção ou manipulação desta. Segundo Vertov e a escola russa da qual ele pertencia (Kino Pravda, a do cinema-verdade), as cenas do real deveriam ser mostradas em seu estado puro, perpassadas sempre por um viés educacional. Os filmes de Dziga Vertov não eram feito para entreter e sim para fazer pensar, provocar reflexão, levar o homem à crítica de si mesmo e da sociedade na qual ele se insere. Um dos filmes mais famosos de Dziga Vertov é O Homem da Câmera (1929) no qual o cineasta, documentarista e jornalista mostra o cotidiano de cidades russas, principalmente Moscou. Esse filme antecipa muitas tendências a serem apropriadas por cineastas e documentaristas posteriores a ele, como a trucagem (fusão de imagens) ou a habilidade de montar, compor o real, visando conferir uma potência ideológica bastante forte para as imagens. O Homem da Câmera revela-se um filme extremamente agradável, denso, inteligente, crítico e capaz de proporcionar um imenso prazer estético. A criatividade e também o sabor poético da obra se fazem perceber em passagens como a fusão da lente da câmera ao olho humano, como se a lente fosse uma extensão deste, como se o real pudesse ser totalmente aprendido em sua crua realidade a partir das lentes do cinema. Em última instância, como se essa fosse a grande razão de ser do cinema!

Abaixo, trecho do filme O Homem da Câmera, de Dziga Vertov, por meio de suas cenas podemos viver a experiência única dos primeiros movimentos do cinema, movimentos ousados que mostram como a sétima arte de fato nasceu como documentário.

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