domingo, 30 de agosto de 2009

Ler ou não ler..."A Paixão segundo G.H"

Clarice Lispector


Não vou aqui fazer uma análise crítica, resenha ou qualquer outra coisa parecida para falar de um livro que me rouba todas as possíveis palavras. Se as usasse, não teria garantia nenhuma de que elas não mentiriam por mim. Do livro A Paixão segundo G.H de Clarice Lispector, limito-me a dizer que, como diz a autora, apenas para quem tem a alma já formada, é uma leitura obrigatória e fascinante. Uma viagem às entranhas da alma, às suas regiões mais gélidas e selvagens. Um re-encontro consigo mesmo, uma náusea, uma angústia, um sentimento que se volta para o que não é humano, para o que existe além dele. O livro não chega até a alma, tampouco até nossas raízes mais profundas, pois, segundo as próprias palavras de Clarice, não se chega até as raízes profundas que desenham a identidade do ser humano e sua alma. Elas existem, mas são inalcançáveis.
O livro é uma entrega completa e verdadeira rumo ao desconhecido, uma leitura onde quem lê vai além das letras, das entrelinhas, além da própria sensibilidade. Uma tradução da paixão - arrebatadora, fascinante, vertiginosa, a aceitação e descoberta de si mesmo, a experimentação da vida e da morte.
“A vida se me é, e eu não entendo o que digo. E então adoro”, repetia Clarice loucamente em sua busca pela essência humana.


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