quinta-feira, 29 de outubro de 2009

Espera que não espera


As melhores coisas da vida não são coisas...
São aquilo que não se entende, não se define, não se limita.

São aquilo que é anterior à vida, a qualquer sombra de percepção.

São aquilo que arrepia sem aviso, devora e fascina de forma selvagem, primitiva.

São aquilo que que passa muito rápido, e dói, machuca, desintegra...

São aquilo que nos envolve, antes de ser dito ou mostrado.

As melhores coisas da vida não são coisas...

São um silêncio mudo, um abraço desesperado, um amor gratuito

Que é corajoso e equilibrado dentro do seu equilíbrio

Doce e feroz na sua intensidade e transbordamento.

Uma loucura insana, uma pureza que queima.

As melhores coisas da vida são uma vertigem que não se controla.

Por vezes, são aquelas que nunca chegamos a realizar, aquelas pelas quais passamos uma vida inteira esperando.
Mas são maiores e mais legítimas que qualquer outra, posto que cobertas são pelo manto da verdade que não se pretende absoluta e sim coerente, saciadora de cada ponto de vista.
As melhores coisas da vida são por vezes acusadas pela inveja e ironia tristes do mundo.

São o pecado e a pureza da infância, as águas caudalosas de um rio, as arestas de formas que rompem os limites da forma.

As melhores coisas da vida são, às vezes, utópicas.

Mas a utopia é uma das formas de ser.
E SER é uma das melhores coisas da vida!



Chão verde
Vozes estranhas

A mim alheias

Teus restos me beijam


Chão branco
Lágrimas emudecidas

Pensamentos inertes
Teus sonhos me visitam

Chão verde
Alma desprendida do corpo

Corpo que te chama

Derrama brotos ainda incolores que se amam



Alma gelatinosa

Amanhece e anoitece

Entre prosas e selvagens histórias


Alma escrita

Nasce e morre

Entre letras e lágrimas insólitas


Alma cansada

Fala e cala

Escondida entre os degraus da inóspita Escada


rumo ao paraíso das almas desesperadas
que sobem sozinhas

deixando rastros de carcaças despedaçadas



Entre a minha saudade e o infinito

Há um espaço de algumas noites

De alguns fatos

Pessoas
Vozes

Cores
Sons

Que se fazem a mim tão inexpressivos
Entre a minha saudade e o infinito

Se esconde a minha pressa que tenta ser calma
O tempo
O vento
O começo

O fim
dos dias
Dias a estar
Entre a minha saudade e o infinito


M.V

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