segunda-feira, 1 de março de 2010

Confesso que vivi

“Talvez não tenha vivido em mim mesmo, talvez tenha vivido a vida dos outros.
Do que deixei escrito nestas páginas se desprenderão sempre – como nos arvoredos de outono e como no tempo das vinhas – as folhas amarelas que vão morrer e as uvas que reviverão no vinho sagrado.
Minha vida é uma vida feita de todas as vidas: as vidas do poeta.”

Pablo Neruda





Confesso que vivi
nesse pedaço de caminho que percorri apertada
o céu chorando por fora
eu chorando por dentro
a solidão me deixando melancólica
a vida me parecendo deserta.
Estou eu indefinida
uma agonia sem razão certa,
uma incompreensão interiorizada,
um desfalecer sufocado em vida.
Mesmo assim, em pedaços
com o vento arrastando meus restos roídos de saudade
mesmo sem saber da ausência dessa tristeza e sofreguidão,
naquele pedaço de caminho,
despudoradamente,
mordendo a tua falta.
Confesso que vivi...

M.V

Um comentário:

Danilo Reenlsober disse...

Nossa, que lindo Maura! Triste, mas mesmo assim muito bonito.