terça-feira, 16 de março de 2010

Romantismo - A Arte do entusiasmo , Van Gogh - A Arte da eternidade

O cotidiano às vezes se apresenta cansado, cinzento, mudo. Parece estar existindo com pressa, diluído, espetacularizado, sem rumo...
O cotidiano às vezes aparece belo, simples, inebriante, doce e regado por uma inesperada graça da infância. A vida vai se confundindo, as cenas se entrelaçando, as teias vão sendo tecidas ao acaso, ao sabor do oceano obscuro onde está firmemente ancorado o destino.
E quando os olhos já estão cansados, o espírito sedento sem saber qual é o nome ou a forma de sua sede, os movimentos lentos e entrecortados, alguém, um dia, pinta o mundo com cores primitivas. Olha os recortes da paisagem com olhos puros e sensíveis, percebe as coisas além da tangível superfície, representa as cenas com uma realidade ainda maior, realidade confundida com a fantasia, fantasia impressionada com a realidade, traços camuflados em saudade, saudade salpicando em pontos suspensos e inertes. Faz-se um estilo acima de todos os limites e regras, um método que não é método e paira sozinho, um tom de romance, de doçura. A promessa do novo, a certeza de que, como diz a canção, o novo sempre vem e, melhor ainda que venha romântico...
Romantismo – A Arte do entusiasmo é o tema de uma exposição com 79 obras do Museu de Arte de São Paulo (MASP) que têm em comum ideias e a estética do romantismo. São pinturas e esculturas de 63 artistas. A justificativa para a exposição parece ser um pouco abrangente, mas a mostra reúne alguns dos melhores trabalhos do Acervo do Masp e, além disso, traz ao público obras de mestres como Hieronymus Bosch, Amedeo Modigliani, Van Gogh, além de impressionistas franceses como Edgar Degas e Paul Cézanne, este último já foi tema de um post aqui do Impressões sobre a sua estética do inacabado.
Entre tantos nomes que estarão reunidos na mostra, o Impressões decidiu dar um destaque para a obra do pintor neerlandês Vicent Van Gogh. Van Gogh criou uma estética única na arte, com temas simples e cenas do cotidiano vertidas em pinceladas quase mágicas, de um movimento, precisão e leveza peculiar. Ao incorporar tendências impressionistas, o pintor também tinha aspirações modernistas e influenciou variadas correntes artísticas do século XX como o expressionismo, o fauvismo e o abstracionismo.
Mas falar de Van Gogh é muito pouco, aos olhos veste melhor as suas cores, sua melancolia sutil, sua doçura suspensa, seu olhar esplêndido, sua alma quase desenhada...
Aos olhos e aos ouvidos um presente, dessa vez menos mudo, mais absurdo!

Aviso aos navegantes: A exposição fica no Masp até o dia 8 de maio.

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