domingo, 12 de julho de 2009

Molduras do mundo por Rochelle Costi



Rochelle Costi é artista visual, tem 48 anos, gaúcha de Caxias do Sul. A artista participou da 24ª Bienal de São Paulo em 1998 e apresenta a exposição Desmedida até o dia 31/07 na Luciana Brito Galeria (Vila Olímpia- São Paulo, SP).
As fotografias da artista me impresisonaram pelo colorido, pela criatividade e pela simplicidade das coisas do cotidiano que podem ser vistas de maneiras tão diferentes e traduzidas por um olhar que apreende o detalhe de maneira única e original. Rochelle é plasticamente bela, estéticamente harmoniosa e espontâneamente agradável. Conforta e, ao mesmo tempo, faz refletir.
Uma arte que se volta para a infância ou nos remete a ela, como se buscasse nesta primeira fase da vida respostas para o presente e maior segurança em relação ao futuro.
Afinal, é na infância que brotam traumas e perguntas. Nesta criamos nós que, por vezes, passam a vida inteira sem serem desatados, como se buscássemos sempre realizar algo, sem saber ao certo do que se trata. A arte de Rochelle me fez lembrar que, muitas vezes, desconfiamos que o realmente queremos é aquilo que não vamos conseguir por conta de um colorido que se perdeu lá atrás, quando começamos a conhecer as cores do mundo. As fotografias da artista me trouxeram essas cores de volta, ao menos no espaço do instante da arte contemplativo.

Algumas de suas fotografias mais conhecidas pertencem à série Quartos na qual Rochelle fotografou quartos dos mais variados tipos e para os mais variados gostos. Ela entrou neste espaço inviolável, individual para o ser humano, como descreve o autor Raduan Nassar no livro Lavoura Arcaica.

"Os olhos no teto, a nudez dentro do quarto; róseo, azul ou violáceo, o quarto é inviolável; o quarto é individual, é um mundo, quarto catedral, onde, nos intervalos da angústia, se colhe, de um áspero caule, na palma da mão, a rosa branca do desespero, pois entre os objetos que o quarto consagra estão primeiro os objetos do corpo; eu estava deitado no assoalho do meu quarto [...]"









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