quinta-feira, 1 de outubro de 2009

A lógica do “Carpe Diem”


Hoje queria escrever sobre alguma coisa, preencher este lugar que está precisando do sabor da novidade, cansado do que nele já está, das letras já traçadas, da imagem já representada. Quero escrever mas não sei sobre o quê, tampouco me surgem ideias ou me sobra o tempo. Este vem escasso, rápido e intenso. Se termino algo, logo vem mais uma coisa, se respiro aliviada, essa respiração em instantes é sufocada e o ritmo volta a ser frenético. Neste momento em que traço estas linhas de cá penso em acontecimentos corriqueiros do meu dia de lá, das vozes, das cores, dos sons.
Hoje, almocei ouvindo músicas que marcam e já marcaram alguns momentos desta minha vida, melodias que me são conhecidas, letras que trazem lembranças de outrora. Almoçar de repente ficou mais sonoro, nítido, de todo mais alegre. Ah! Como podemos resgatar certos brilhos de nosso frio e atormentado cotidiano. E como perdemos tempo em falar de outros, em julgar outros, em olhar com um olhar torto, às vezes mesquinho, tão superficial e limitado. Quanto tempo perdemos com ausências, sendo que destas talvez a que nos traga mais prejuízo seja a do nosso próprio presente. Vivemos sem presente, querendo sempre voltar ao passado ou prever e chegar logo ao futuro. Que inconstância, que utopia da idade perfeita, da felicidade plena, da verdade absoluta. Quantas utopias vãs e sem sentido. Vivemos a Era do Prometeu, acreditamos que o mundo nos deve tudo e tudo nos deve ofertar, a nós cabe receber não dar. E com isso nos afundamos em incoerências, conflitos, dramas, vivemos uma vida reativa que simplesmente não acontece, uma vida de entupimentos, aparências, neuroses e alucinações. Terminamos seres controlados, por deus, por governos, pela mídia ou seja lá por quem mais deseje aparecer com uma dita verdade absoluta que a nós se impõe de forma alienadora, ilusória e automática.
E aonde fica a essência, a vida que se permite viver, a sensibilidade e o tempo para ouvir uma música durante um almoço e lembrar de cenas da vida, o caráter e a autoconfiança de quem não precisa falar do outro, da vida do outro, porque está alegre e experimenta de uma completude em relação à sua própria vida?
Quanto mais eu olho e penso, mais vejo o quanto precisamos aprender. Buscamos e valorizamos tanto uma verdade vã, que esquecemos de encontrar a nossa própria verdade, a que vem de dentro pra fora e não de fora pra dentro, a verdade autônoma e não a determinista.
Mas como já dizia Mário Quintana, e aproveito assim para deixar por essas páginas de cá minha homenagem a ele...

Um dia descobrimos que beijar uma pessoa para esquecer outra, é bobagem. Você não só não esquece a outra pessoa como pensa muito mais nela…
Um dia nós percebemos que as mulheres têm extinto “caçador” e fazem qualquer homem sofrer…

Um dia descobrimos que se apaixonar é inevitável…

Um dia percebemos que as melhores provas de amor são as mais simples… Um dia percebemos que o comum não nos atrai…
um dia saberemos que ser classificado como “bonzinho” não é bom…
Um dia percebemos que a pessoa que nunca te liga é a que mais pensa em você…
Um dia saberemos a importância da frase “Tu se tornas eternamente responsável por aquilo que cativas…”

Um dia percebemos que somos muito importante para alguém mas não damos valor a isso…
Um dia percebemos como aquele amigo faz falta, mas ai já é tarde demais…
Enfim… um dia descobrimos que apesar de viver quase um século esse tempo todo não é suficiente para realizarmos todos que os nossos sonhos, para beijarmos todas as bocas que nos atraem, para dizer tudo o que tem que ser dito…

O jeito é: ou nos conformarmos com a falta de algumas coisas na nossa vida ou lutarmos para realizar todas as nossas loucuras…

Quem não compreender um olhar tampouco compreenderá uma longa explicação.

Decidi escrever esse texto depois de perceber que alguns belos quadros de temática indígena estão expostos no meu local de trabalho há alguns dias e que só hoje me dei conta de sua presença depois de já ter por eles passado inúmeras vezes!

2 comentários:

Unknown disse...

Mauravilha

Com hojeriza
Sendo vanguardistante
Nego o Carpe Diem
Para agarrar o que me vem
Com volúpia louçã
Eis que
Totalmente
Desritmado, van-aguardo
o Amanhã.

Quero a
Novidádiva
Na vida diva
De Davi no divã.

Sou um novelo
Que desenlaça
E tem na poesia
Sua pura lã.

Sou aquele que agasalha
Os que sentem a frieza
Dos outros discursos
Que não o poético.

Poucos são aqueles
Que podem vestir
As roupas
Feitas com meu material e,
São estes que não adoecem
E vivem sorrindo
Enquanto o poema
Vai surgindo.

Astro Alves - meu heterônimo que é um verdadeiro poeta "estrelinha"

Unknown disse...

nossa um almoço te fez refletir isso???

to perdendo meus almoços todos os dias, pq eu saio, ja pensando oq me espera na volta!!!!!

vc é muito profunda!!!!!!!!!

excelente o texto!!!!!!!

beijo