terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

Melancolia e Beleza

Tão melancólica
Como a fina chuva
Tão apagada
Como uma noite sem lua
Tão triste
Como um pássaro sozinho
Tão vazia
Como uma casa sem som
Tão ausente
Como um silêncio de amigo
Tão louca
Como uma tempestade sem rumo
Tão longa
Como um deserto sem fim
Tão reticente
Como um nada dentro do tudo
Tão amargurada
Como uma flor sem perfume
Tão ensurdecedora
Como um rufo de tambor
Tão pausada
Como uma respiração desigual e forçada
Tão lamuriosa
Como uma lama grudada
Tão sensível
Como um cristal embaçado
Tão esquecida
Como uma roupa pendurada
Tão desimportante
Como uma morte esperada
Tão julgada
Como um crime sem justa causa
Tão iludida
Como a dor de uma alma
Tão impaciente
Como uma cachoeira que arrebenta a rocha
Tão incansável
Como a onda a deitar na praia
Tão insuficiente
Como uma poesia sem fim
Tão cheia de esperança
Como alguém que vive
Hoje tão triste
Amanhã tão feliz
Mais triste é a tristeza
Pendurada no fio da alegria
Afinada nas cordas da beleza

M.V


Sucesso do carnaval baiano na voz delicada e gostosa de Caetano Veloso, em um ritmo mais doce, com um sutil tom melancólico, nos acordes simples e inconfundíveis de um violão. A música que no carnanal é tão vibrante e faz dançar, aqui, torna-se reflexiva, ardente no coração, resvala na saudade e se faz quase muda.

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