quinta-feira, 23 de abril de 2009

Intertextualidade - Eu te chamo liberdade


Pelos dentes apertados
pela raiva contida
pelo nó na garganta
pelas bocas que não cantam
pelo beijo clandestino
pelo verso censurado
pelo jovem exilado
pelos nomes proibidos
eu te chamo, liberdade.

Pelas terras invadidas
Pelos povos conquistados
Pela gente submetida
Pelos homens explorados
Pelos mortos na fogueira
Pelo justo injustiçado
Pelo herói assassinado
Pelos fogos apagados
Eu te chamo, Liberdade

Paul Elovard/ Grian Franco Pagliaro






Sou livre
Em meu delírio
Em meus toques alucinados
Em meus pés que fogem do chão
Em minha vontade de ser
Ser tudo e ser nada
Em minha vontade de sentir teu beijo
Tua palavra insensata

Sou livre
Porque quero ir lá
Onde nem eu mesmo sei onde é
Quero viver fora daqui
Quero as coisas pela metade
Pela fração de um segundo
De uma gota de chuva
De uma louca tempestade

Sou livre
Não sei dizer o que é liberdade
Nem quero jamais dizê-lo
Definições limitam
Quero o infinito da luta
Do novo e do velho
Da voz que se faz ouvir
Quando todas as outras se calam
Quero a luta legítima
A revolução que aponta a saída
Quero pedir o mínimo
O impossível
Quero lutar sozinha ou com uma multidão

Sou livre

Para te chamar liberdade
Passeie por esses cantos
Traga ares para essas mentes
Ensine como saber viver
Sem saber o que é viver
Ensine que nada nos prende
Se não quisermos
E que é preciso coragem pra mudar
É preciso coragem para ser livre

Sou livre
Porque é preciso saber ser livre para tentar
Com toda classe, majestade e humildade
É preciso conquistar o direito de chamar-te liberdade
Mas é preciso ousadia para chegar
Por isso jogo meus rasgados
Pinto meus bordados
Beijo meus amores
Visito meus temores

Sou livre
Choro, grito, amo
Intensamente
Loucamente
Se te assusto não me assusto
Importo-me com poucas coisas
Sempre foi assim
Explico-me menos ainda
E assim saio, me jogo
Neste ensaio disfarçado
Neste jogo onde me prendo
Mas ainda que presa
Não perco essa liberdade

Sou livre
Assim te chamo liberdade
Em meu conhecimento mais secreto
Em meu desejo de virar a mesa
Passar o inverno com as folhas do outono
Encontrar o verão no perfume da primavera
Com devaneios e paixões
Faço-te minha e sou tua
Quando eu te chamo liberdade

Sou livre
Para escrever
Sem um fixo número de versos
Sem uma rima ou uma métrica
Sem um redondilho maior ou menor que seja
Porque minha poesia te chama liberdade
Neste vendaval de palavras
Loucas e inebriadas

M.V

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