terça-feira, 28 de abril de 2009

Sem nome


Ontem chorei muito
Chorei como alguém que só sabe chorar
Chorei por tudo
E por nada
Chorei pelo que não sei
Chorei minha alma
Revivi meus traumas
Visitei minha solidão
Lembrei da minha vontade de viver
Mudar
Exigir o impossível
Bebi sem trégua
O álcool do meu fim
A tentação do meu infinito
No limite da minha casa
Chorei como quem se entrega
A um caos sem sentido
A uma atração irresistível
A uma poesia do outro mundo
A uma história maior
Maior do que eu
Maior que você
Maior que todo o resto
Resto de lágrimas guardadas
Entrelaçadas
Resto de uma vida que escolheu
O intenso
O denso
A história pra contar
O menos fácil
Ontem fui um choro
Seu
Mais do que meu
Chorei pelo que vivi
Pelos meus sonhos
Pela prisão de meu mundo
Gritei com a cabeça tonta
Com os olhos vermelhos
Agora só restam meus olhos
E minha boca
Vermelhos
Negros
Vermelho Negro
Abismos de quem sabe que vai amar
De quem sempre amou em tudo
cada detalhe
E vai lutar até o fim
Até onde minhas lágrimas
Não mais brotarem
Secarem insanas
Insaciadas
Choro porque o tempo não existe
Porque o tempo apenas passa
O tempo passa
Você passa
Só esse choro que marca
Não passa
Esse aperto não passa
Quero gritar
Mas só saem arrepios
Choro pra seca não me tornar
Viro a noite em claro
Reviro-me
Cheiro
Meu medo
Noite sem sonho
Só me chega o frio
Barulho de vozes
Aqui e ali
Olha ele aí
Um fundo de realidade
Não adianta tentar te esquecer
Desisto e choro
Choro
Mais uma vez
Durmo enfim
Ainda com lágrimas
Mais na alma
Menos nos olhos
Acordo pegando fogo
Meus olhos pegavam fogo
Meu coração já era chama
Eu não mais me reconhecia
Era a metamorfose de Kafka
A literatura visitou-me
Virou vida
Literatura é vida
Tua
Minha
Melancolia
Sexo
Poesia
Drama
algo além de M.V

Um comentário:

Anônimo disse...

Nossa Má! Que lindo!
Inspiração tá à toda ai! Rs!