quinta-feira, 16 de abril de 2009

Nada como você. Nada como um Dalí em você

A Persistência da Memória, Salvador Dalí

Nada como
Tuas palavras
No vento do meu sentimento

Nada como
Teu toque
No passeio que desenha o meu retoque

Nada como
Teu sentimento
Na sensibilidade de quem deveras sente

Nada como
Tuas surpresas
Nesta brisa de incertezas

Nada como
Tua profundidade
Neste inteiro sem metade

Nada como
Tua entrega completa
Nesta paisagem tão incerta

Nada como
Tudo que você me trouxe
Neste viver que se fez tão doce

Nada como
Tudo que você me mostra
Neste ir e vir de agora

Nada como
Tudo que nasce de poesia
Neste sentir sábio de quem sabia que não sabia

Nada como
Tudo que pode ter cor
No sentido mais irresistível do amor

Nada como
Dizer eu te amo
Na ponta dos meus lábios, na boca do teu coração


M.V


Nada como um quadro do pintor catalão Salvador Dalí, com toda sua desconstrução e reconstrução da realidade e das coisas deste e do outro mundo. Todo seu impressionismo expressionista - que deforma para explicar o inexplicável - chama a atenção pela incrível combinação de imagens bizarras, oníricas, com excelente qualidade plástica, exprimindo algumas sensações deste nosso apressado cotidiano. Falando em apressado cotidiano, escrevo essas linhas um tanto quanto apressada, condicionada pelo tempo, que me é tão pouco. Eis o destino que nos escolhe, antes que tenhamos a chance de escolhê-lo.
É esse mesmo tempo que Dalí retrata neste quadro tão inteligente e atrevido a ponto de querer derreter o próprio tempo, em uma lógica onde este tempo é o senhor de todas as coisas, de todos os ritmos e de todos os homens. Escolho Salvador Dalí para ilustrar esta minha poesia porque em Dalí está toda questão do inconsciente – trabalhada por ele tão bem em seus quadros - um inconsciente lançador das letras que mais tarde rearranjadas darão forma aos traços de minha poesia. Esta obra aqui reproduzida, A Persistência da Memória, representa relógios meio distorcidos com horários diferentes. Estes relógios continuam determinando a forma como conduzimos a vida apesar de sua distorção, daí a razão e explicação para o título da obra que nos leva a pensar na persistência dos traumas, na afirmação do inconsciente, na loucura insana dos fantasmas que habitam a outra margem. Todos insistem em permanecer incansáveis, mesmo com o passar de um tempo que se derrete na luz do sol e se solidifica na sombra da noite. Que a arte nos ajude a entender nossos confusos sentimentos, trazendo cor e luz para nossas profundezas.

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