segunda-feira, 23 de março de 2009

Os pontos de Elio Gaspari e os "des" de nosso Brasil

O texto de Elio Gaspari deste domingo, 22 de março de 2009, na Folha de S. Paulo, está como sempre criativo e especialmente irônico. Faz rir e pensar, com a mesma sinceridade desconcertante que alguns acontecimentos recentes acontecem na crônica, especialmente original, de nosssa realidade, que consegue se superar em absurdos para os quais só mesmo recorrendo ao riso e à ironia. Por isso, fica aqui desde já minha contribuição ao amigo navegante com alguns trechos do, como sempre inteligente e perpicaz, Elio Gaspari.

Entra e sai

Pode-se entender melhor a qualidade da base de apoio do governo quando se vê que em menos de um mês aconteceram duas coisas:
1) O deputado Eduardo Cunha, um parlamentar de real grandeza, defendeu a saída do senador Jarbas Vasconcelos do PMDB porque ele disse que uma banda do partido gosta do alheio.
2) Delúbio Soares, ex-tesoureiro do PT, o lord keynes do mensalão, foi a Brasília para cabalar o seu retorno ao partido, do qual foi expulso.
O melhor seria chamar Jarbas para o PT, mandando Delúbio para o PMDB. Pode até dar na mesma, mas anima o bailado.

Ponto para Elio Gaspari. Já que o bailado está realmente animado e especialmente alterado, eu acrescentaria que vivemos no tempo da "farinha do mesmo saco" com algumas excessões é claro, não seremos levianos e generalizadores, Elio Gaspari não o seria.

El Deportador

Negociando com o arrozeiros de Roraima, o comissário Tarso Genro deve perguntar quantos deles gostariam de ir para Cuba.

Ponto para Elio Gaspari novamente já que nosso Ministro da Justiça, Tarso Genro, sempre consegue um jeito excêntrico e contraditório de resolver questões essenciais, como se apresenta o problema dos arrozeiros que, na minha opinião, demoraram pra sair. Cadê a definição de prazo? De nada adianta defender os interesses dos índios se na prática não há definição de "pesos e medidas" porque apenas essas parecem surtir efeito em alguns casos e com algumas pessoas. Agora, pra isso, precisamos de um pouco mais de coerência e senso de realidade daqueles que nos representam. Coerência já!

E falando em coerência o Ministro da Fazenda, Guido Mantega, pronunciando-se na semana que passou a respeito da contração do PIB no último trimestre, disse que o cenário para este ano é razoável, pois "ficaremos distantes de um déficit técnico".
Citando Gaspari:

Meu leitor o termo déficit técnico não existe. O que existe é o termo recessão, que ocorre tecnicamente quando há dois trimestres seguidos de crescimento negativo. Natasha* acredita que o doutor Mantega está com déficit técnico. De que, ainda não sabe.
Seu colega Eremildo, de quem ela não gosta porque é um idiota, suspeita que o Banco Central passou a remarcar as previsões de crescimento do PIB pela técnica das liquidações do varejão. Baixou uma previsão feita por seus sábios de 1,2% para 0,59%. O cretino acredita que daqui a pouco o BC anunciará um PIB de 5, 99% em oito prestações anuais.

Ponto duplo para Elio Gaspari. Esta que traça estas mal traçadas linhas dispensa comentários neste ponto. Para resumir o absurdo o caracterizarei com algumas palavras tais como desserviço, desrespeito, desumanização, descalabro e quantos mais "des" couberem nesses contantes deslocamentos morais. Haja "des" para tanto desprepararo e descaramento.

* Natasha é uma personagem criada por Elio Gaspari nos textos em que este fala de economia. Assim como Eremildo, o idiota. Ambos representam um pouco dos brasileiros que acabam enganados e ludibriados com os números, dados e termos de uma economia que não se explica para a maioria.

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