sábado, 14 de março de 2009

Uma frase para uma infinidade de pensamentos

Bertold Brecht


"Do rio que tudo arrasta se diz violento, mas nao se dizem violentas as margens que o oprimem".

Bertold Brecht (dramaturgo, poeta e encenador alemão do séc. XX)

Uma vez, em muitas das maravilhosas aulas de história que tive durante o colegial, meu eterno e mais querido de todos professor de história - da vida, do amor, da filosofia, da geopolítica desse mundo confuso e desorientado, do amor e de todas as suas possibilidades - falou desta frase como sendo a primeira que ele teria pixado. Nunca esqueci a frase, tampouco a história de ela ter sido objeto de sua primeira marca urbana. O fato é que esta frase - bastante conhecida - ressoa constantemente e involuntariamente nas minhas lembranças e nos meus momentos, sempre me impressionando muito, desde a primeira vez que a ouvi ainda jovem, com muitas das ilusões e sonhos que ainda tenho.
Essa frase diz tanto...
Ela fala sobre esta relação tão tênue entre opressor e oprimido, uma realidade que marca grande parte de nossa história. Leva-nos a pensar como, muitas vezes, somos injustos com os fatos, levianos com a verdade, apressados na tomada de decisões, nos julgamentos.
É muito mais fácil ver o rio como violento, impetuoso, mas o que dizer das margens, por que não olhar as margens? Elas estão lá esmagando as águas, impondo um limite, uma fronteira, passando a ideia de controle, de posse. Quantas vezes não julgamos o rio e nos esquecemos de olhar para as margens, quantas vezes não nos confundimos em relação a quem realmente nos oprime, quem nos limita, quem nos condiciona? Essa frase mostra como tantos são injustos com outros tantos, chega a dar vergonha quando vemos que nesta realidade absurda os verdadeiros culpados são totalmente protegidos pela sua nem sempre clara visibilidade, e os inocentes sempre são os estereotipados, os agredidos, os torturados, os violentos. Como meu professor também dizia, aqueles que não passam de caso de polícia.
A cada dia percebo com mais nitidez, que para falar é preciso - antes de tudo - saber pensar alto, ver enxergando de fato, escutar ouvindo de fato, já que tantas vezes vemos sem enxergar e escutamos sem ouvir. Atentem para as margens meus caros, em alguns casos, o rio pode até ser violento por natureza - não se pode generalizar e afirmar verdades universais que às vezes acabam desmentidas pelo irrevogável passar do tempo – mas, na maioria das vezes, o rio torna-se violento e assume de forma magnífica sua impetuosidade porque as margens limitam sua extensão, anulando sua liberdade de escolha e oportunidade, e não lhe deixando outra opção!

2 comentários:

Nara D. disse...

Adorei a frase!

Maura Voltarelli disse...

Obrigada Nara, eu sempre gostei muito dessa frase!